segunda-feira, 19 de setembro de 2011
... do que não foi.
Não importando, não entra em digressão. Não querendo incomodar, no canto da sala, observa quiasmos conjugais e um áspero perfume de catacrese. Debruçou, o pequerrucho, sobre si mesmo e sobre o cinzeiro, gotejou suor. Seu parasita adrenal percorre toda a espinha e o lembra que está sozinho, moribundo e picaresco. Pataca ? Certamente que não. Pende muito mais praquela dos globos de ressaca ou a tal dum Dirceu. Não está bem.
Abraça a si mesmo numa tentativa vulgar - vulgar, sim, pelo contexto que não é escrito - de se ater às lembranças insólidas de algo que não tomou forma. Gotejou suor. Cinzas e cinzeiro, liga o ventilador. "Ai de mim!, que inferno que me meti". Devia estar cansado, afinal era tarde da manhã seguinte dum dia que nem havia começado. Me conta. Me conta.
Abriu a boca, lambeu, interrompendo o próximo gotejar do suor. Sentiu aquele gosto que só nectar do Olimpo, catarro e fanta laranja podiam reproduzir. Não conhecendo do primeiro, reluzia seu pedantismo fracassado, assindetizado e aliterado.
Está triste, hoje, gato ? Não devia escovar os dentes, estouvar aos modernistas e cessar a digressão que não pensava em iniciar ? Quieto. Não imperou, manteve-se. Sorriu pra mim, pelo espelho. Franzido o cenho, sorria com cara de "estou bavo". Ah!, que lindo que ficava. Mamãe dizia, ao menos. Aquietou-se, foi prum canto. Sujeitos.
Mostrei-lhe a mão estendida. "Pega, sai do transe". Quieto, quase sempre quieto, neutro, sério, cansado, aceitou. Disse, ao pé do meu ouvido que não tinha mais forças pra erguer bandeiras de fariseus e deuses falsos. Disse, pausada e arfadamente, que secara. Explorado, repousou no canto onde eu ficara, seco, antes. "Minha vez, não é ?", perguntei.
Enfim, secou. Parado, colorido, olhava para o borrão cinza e nu que estava ali. Era eu, era ele, você e qualquer um que cogite. Sorriu, entendido, exausto. Gotejou uma lágrima de doçura. Desprezível.
Quem sabe o peito aberto, a ferida aberta e a palavra certa façam com que o doutor não reclame. Curvou-se e me esfaqueou depois dum beijo longo.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
... do melodrama.
Pretensão. Pura e incoerente pretensão. Tudo continuaria cinza.
Já não sorria. Balde de memória e reflexão. Aquela pedagogia toda ao acaso, sorrateira como todas as lições importantes, como todo rompante manuscrito, como toda boa-vinda a dor. Aquela entropia toda que sempre me cansava e consumia. aquela hipérbole toda que eu sempre juro, solene, outorgar. Aquele maldito relacionamento de fundo de gaveta. Sorrindo ainda menos, claro que não usado, aprático e em seu respectivo canto especial, deitou e arranhou as próprias costas. Tenta cravar as unhas que nem mesmo tem em si mesmo, na infrutífera pre ten são de expurgar esse desejo sujo de se entregar. Sofre por costume. Fracassa por costume. Escarra em si mesmo. Costume. Antes de dormir, por costume, tenta buscar satisfação. Balde vazio de memórias. Nada no fundo da gaveta. Que vontade de dançar um tango. Ah... que vontade de dançar um tango.
"Bicho solto, cão sem dono, menino bandido".
terça-feira, 6 de maio de 2008
... da interlocução ...
"Porque as palavras mais importantes da linguagem não são 'eu te amo'.
São 'é benigno'".
[ Did's :* ]
... da locução ...
"Samuel, não quero que poste isso, nunca.
Diwa, é maior que eu... é todo teu."
sexta-feira, 2 de maio de 2008
... dos que vomitam.
Calma aí, cowboy, esse é só um ângulo. No final, não importa o que se pensa ou o que se pensa pensar. São tantos os outros pontos. Prisma um pouquinho, vai, beibe, prisma. Joga lá longe e decide. Eu não decidi. Foda-se o que eu penso, - sei que existe Antares - mas você ainda não percebeu como as coisas giram, rodam. O moinho e o pião também, sabe ? Rodam... no final, tudo roda, não importa. Ouve. Não é que não importe porque roda ou que rodar é sinônimo de não importar. É que ... ah, foda-se. Foda-me, sei lá ... não importa. Roda. Ouve.Cansou, sabe ? Parar, pensar, refletir, repensar e o caralho a quatro. Não é desabafo. Quem sou eu perto de Antares ? Que c'est ? C'est la vie e o diabo. No more drama. Ûhl-firscher dollik. Ouve.... tira esse brilho opaco da cara. Não fica tão longe e tão perto de si mesmo. Olha pro espelho e vê além do monte de comida e roupas que tá ali ... vê além ... Houve, sabe ? Chega ... vai, fala ... fala que eu te escuto.e, mesmo que escute ... sabe ?
Não importa.